quarta-feira, 13 de julho de 2011

Reencontro...






















Fotos: Miza Limões

Estou certa de que os momentos especiais e repletos de emoção que estamos viveciando durante as gravações aqui na Charqueada Santa Rita estão contagiando a todos que estão na nossa volta e que estão de alguma forma envolvidos e vibrando com este trabalho.

O Lisandro Amaral, que gravou sua participação hoje, e conviveu conosco desde ontem, ficou alguns momentos registrando suas impressões num texto chamado REENCONTRO, e antes de retornar pra sua terra, deixou pra que eu publicasse aqui no blog... pra que fosse lido pelo Joca e por todos vocês...

Então, segue o texto...
Desfrutem!

Beijos
Juliana!


REENCONTRO

Maravilhosa a sensação de encontrar... Essa, de perceber que as pessoas estão todas bem próximas e num determinado momento, promovido pelo destino, somos colocados frente a frente. O abraço finalmente chega, a troca de emoções e absorção da mesma aflora no convívio de algumas horas ou de minutos apenas.

Estive na Charqueada Santa Rita (Pelotas-RS), talvez por coincidência, a santa que minha mãe viveu devota e que veio a complementar o nome da minha pequena Maria Rita, companheira importantíssima nessa passagem por aqui, onde emocionalmente estive acompanhando e participando do trabalho de gravações do Cd e DVD do amigo Joca Martins.

Posso chamá-lo confortavelmente de amigo, pois a vida nos proporcionou um encontro antigo e um reencontro próximo, regado pela maravilhosa sensação que motiva este texto.

Exatamente neste momento em que digito, o fundo musical é O Sábio Do Mate, poema de Rodrigo Bauer, poeticamente musicado por Joca. A sensação indescritível que essa música causou em todos durante sua captação, com arranjos de seu irmão João Marcos “negrinho” e suavemente nos dedos de Celau Moreira (Violoncelo),nos confirma a posição da música na alma do corpo.

Maria Rita e eu adormecemos, enquanto Joca e Juliana Spanevello, de forma lírica, colocavam as vozes na madrugada que os adornava, feito um complemento de romance que revitalizou ainda mais a charqueada, porque o amor também faz parte de sua restauração e conservação.

A charqueada Santa Rita e sua força histórica: dores escravas e suores que regaram junto às lágrimas que se misturaram á sangria dos animais que doaram a carne para o alimento, e anônimos, estenderam-se nos varais da memória para que o Rio Grande do Sul erguesse seu patrimônio social em matéria ou lembrança.

Provavelmente é esse o principal motivo do reencontro entre nós, músicos ou não, neste ambiente proporcionado pelo tempo de reencontro consigo, deste privilegiado cantor que eu vi caminhar firme e algumas vezes, por ser humano, também confuso, e literalmente recicla hoje sua caminhada de 25 anos de arte, reencontrando poemas perdidos das melodias e melodias perdidas dos poetas, que após escorrerem dos dedos de seus autores, foram levadas por ele ao encontro com o aplauso dos tantos cenários que aguardaram seu canto vigoroso. Reencontro do eleito com sua leitura e releitura da vida.

Obrigado Joca Martins, meu amigo.

Lisandro Amaral
13 de julho de 2011

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